segunda-feira, 16 de maio de 2011
Entrevista de Rihanna para a revista Rolling Stone
No mês passado, Rihanna estampou a capa da edição americana da revista Rolling Stone. Neste mês, Rihanna é a capa da edição brasileira da revista, que já está à venda nas bancas de nosso país.
No interior da revista, há uma ótima entrevista com Rihanna, onde ela abre o jogo sobre diversos assuntos. Confira a entrevista clicando em “Leia mais”.
Eles estavam à procura de Megan Fox. Três paparazzi, vagando pelas colinas acima de Los Angeles como quem não quer nada. Estacionaram ali hoje pela manhã, na esperança de flagrar Megan, que teria uma casa mais pra cima da colina. Mas daí a sorte passou no banco de trás de um Escalade: Rihanna, a caminho de uma sessão de fotos. As janelas eram escuras, mas os fotógrafos sabiam que era ela: o para-choques exibe um amassado revelador e, além do mais, eles tem uma lista de placas. O paparazzo mais próximo do meio-fio é um rapaz bonitinho chamado Arturo, com uma lente teleobjetiva pendurada no pescoço. Ele trabalha para uma agência chamada X17, e Rihanna é responsabilidade dele. Ele sabe onde ela se hospeda, onde faz compras, onde come. Diz que uma imagem dela pode render até US$ 5 mil, dependendo do que ela está fazendo e com quem está. “Então”, ele diz, com a maior despreocupação que consegue exibir, “ela está com alguém?”
A esta altura, Rihanna – que deve se apresentar no Rock In Rio, em setembro – já terminou as fotos, toma vinho e conversa com as amigas enquanto o sol se põe. Ela são Karin, a maquiadora; Ursula, que cuida do cabelo dela, sempre em mutação – hoje, uma explosão cor de carmin de cachos ao estilo de Sideshow Bob, d’Os Simpsons; Jen, a assistente pessoal; e a melhor amiga e braço direito, Melissa, que ela conhece desde que eram grudadas na escola em Barbados, aos 14 anos. É uma turma bem sintonizada – ou, como diz Katy Perry, amiga de Rihanna: “Um bando de garotas que tem o pé no chão”.
Eles vão logo precisar ir andando. Mark, o segurança de Rihanna, começa a preparar a caminhada de 10 metros até o carro. “Você quer dar uma foto pra eles, para não nos seguirem?”, ele pergunta a ela. Ela pessou o dia inteiro tirando fotos, de modo que, é compreensível, não parece muito entusiasmada com a ideia. Mas concorda, em nome da segurança. Quando as câmeras começa a espocar o sorriso aparece, ela resolve se divertir um pouco. “Rihanna! Rihanna!”, Arturo grita. “Você está namorando Ryan Phillippe?” Esse é o boato da semana. Ela sacode os cachos volumosos. “Detesto destruir sua ilusão“, ela diz. “Mas não. Estou namorando meninas!” Arturo dá risada e clica até não poder mais. “É… Nicki Minaj, certo?” Rihanna dá risada. “Bem que eu queria!“, ela diz quando desaparece dentro do carro. “A bunda dela é perfeita!”
Um pouco mais tarde, em um restaurante italiano, ela manda ver em um prato de mariscos fritos. A estrela costuma pedir espaguete e, às vezes nhoque. Hoje, ela pediu os dois. Então, como ela é de perto? Quase demais pra absorver de uma vez só. Olhos impossivelmente azuis. Pele luminosa. Pernas que quase chegam até o teto. (Não é para menos que a Gillette uma vez fez um seguro de US$ 1 milhão para elas.) “Ela é tão linda que chega a dar nojo”, diz Katy Perry.
Rihanna lançou su primeiro single, “Pon de Replay”, quando tinha apenas 17 anos. De lá pra cá, lançou notáveis cinco álbuns em seis anos, com vendas combinadas de sete milhões de cópias só nos Estados Unidos. Dezoito das músicas dela chegaram no Top 10; entre as cantoras, apenas Whitney, Madonna, Janet e Mariah têm mais do que isso. Se o single mais recente dela, “S&M”, chegar ao topo das paradas norte-americanas [o que já aconteceu, uma vez que o artigo foi publicando antes de S&M atingir o topo], será o décimo número 1 dela (mais do que Beyoncé e Lady Gaga juntas). Tudo isso faz com que seja fácil esquecer que ela só tem 23 anos. Ela diz que não gosta de verdura porque tem gosto “de arbusto”. Mas ela gosta, sim, de batata frita, Cheetos e frango frito. Está tentando falar italiano, mas neste momento seu vocabulário consiste quase só de palavrões. Ela adora os atores Jonah Hill e Michael Cera (apesar de chamá-los de “aquele gordo” e “o outro cara”), e diz que está tentando apreciar seu corpo enquanto pode, porque ela sabe que “bunda e peitos” são as primeiras coisas que desandam.
Ela também é muito engraçada e também tem um lado seco e nada gentil consigo mesma: faz piada com sua testa larga e com seu apetite. Ela diz ser um pouco obsessiva: “Eu detesto o som de metal com metal. Parece que tem alguma coisa fora do lugar, me deixa esquisita – como quando a minha amiga dá um tapa no lado direito da minha bunda e o esquerdo fica dormente“. Ela estala os dedos. Ela agarra peitos de maneira compulsiva. Assistiu ao filme Um Parto de Viagem literalmente oito vezes só nesta semana. No ano passado, comprou uma mansão de 12 quartos em Beverly Hills, mas está demorando uma eternidade para reformar, de modo que, enquanto isso, ela aluga um apartamento em Westwood com Melissa e Oliver, o poodle toy dela. Ela adora ir ao supermercado e cozinhar; abstém-se da maconha (pelo menos é o que ela diz); e tem uma ótima história a respeito de uma vez que apagou de tão bêbada depois de beber álcool caseiro quando estava em férias no México. Ela também sofre de atraso crônico e não tem carteira de motorista, mas, fora isso, é muito pé no chão e sem trejeitos de diva.
A certa altura do jantar, algo chama a atenção dela. “Ai meu Deus“, ela diz e baixa a voz. “Colin Farell está bem ali. E está rolando um monte de boatos malucos a nosso respeito agora!” Claro que, do outro lado do restaurante, o galã irlandês está no meio do que parece ser um jantar de negócios. Em novembro do ano passado, ele e Rihanna participaram de um talk show britânico juntos, quando ela contou uma história a respeito de um desajeitada depilação na virilha; desde então, há boatos de que eles andam trocando mensagens de texto safadas. “Ele deve achar que eu é que comecei com esses boatos malucos“, ela diz. “Nós nem temos o telefone um do outro. Bem que eu queria. Ele está fumando.” É bem aí que Farell olha para nosso lado. Rihanna acena. Alguns minutos depois ele se aproxima, irradiando seu charme galês, e se inclina para um abraço e um beijinho na bochecha.
“Olá, querida. Que bom ver você. Como vai?”
“Estou bem“, Rihanna irradia. “E você?”
“Eu vou bem, obrigado.” Ele acena com a cabeça na direção da porta, onde os paparazzi estão reunidos. “Os nossos amigos li fora vão ganhar muitos pontos com isto aqui. Vamos passar a p*rra da noite inteira trocando mensagens de texto!”
“Não é?“, Rihanna dá risada. “Isso é hilário.”
“É bom ver você, querida.” Ele dá mais um apertão nela, então escapa pela cozinha e pela porta dos fundos. Claro que, no dia seguinte, os blogs não têm outro assunto. Perez Hilton diz que o par “foi visto jantando junto”. De acordo com o Hollywood Life, eles “tiveram cuidado de saírem separados para não serem fotografados”. O MediaTakeout se refere a Farell como o “novo namorado” de Rihanna e diz aos leitores com “100% de garantia que os dois tinha saído em um encontro amoroso”.
A verdade é que Rihanna está solteira. “Eu não estou namorando“, ela diz. “Não estou fazendo sexo, não estou nem trocando mensagens de texto safadas. Estou no zero a zero completo.” Ela diz que não sai com ninguém desde que terminou com Matt Kemp, jogador de beisebol do Dodgers, quando acabou antes do público descobrir, em dezembro. “Você acha que ficou decepcionado?“, ela diz. “Tente estar neste corpo.” Ainda assim, ela afirma, existem alternativas. “Quando você não está com a pessoa com quem deseja ter intimidade, uma foto é a segunda melhor coisa. Bom, o Skype é mais seguro. Mas uma foto dura bastante tempo. Quando você está sozinha e aqueles momentos de tesão rolam, fotos podem ser bem práticas.” Dito isso, ela completa: “Faz um tempão que eu não recebo nenhuma foto de pau. Acho que as pessoas têm um pouco de medo. Pode acabar mal“.
Infelizmente, ela está falando por experiência própria. Há dois anos, a internet se apossou de várias fotos dela em diversos estados de nudez, alguns deles bem explícitos. Rihanna ainda se lembra do momento em que descobriu, quando tinha acabado de chegar do Havaí. “Eu desci do avião e tinha recebido 27 mensagens. Eu me lembro que a mensagem de Katy se destacou, porque ela dizia: ‘Querida, está tudo bem com você?’ No mesmo instante, eu percebi que era sério.” Nos dias que se seguiram, ela conta que “eu dispensei todo mundo, p*rra. Não falei com a minha familia. Não falei com os meus empresários. O dia seguinte era o Dia das Mães, então mandei flores para a minha e só fiquei esperando uma mensagem de texto dela“. Mas quando a mãe escreveu, a mensagem fez com que ela se sentisse bem melhor. Hoje ela tem um senso de humor saudável a respeito da coisa toda. Recentemente, um fã lhe enviou um link para algumas fotos, perguntando o que era aquilo. A resposta dela? “Aquilo seria… EU, quando era magra!”
Rihanna na verdade é o nome do meio dela. Vem do árabe, que significa “manjericão doce”. O nome verdadeiro dela é Robyn, e é assim que a maior parte de seus amigos e familiares a chamam. “Eu fico meio tonta ouvindo Rihanna, Rihanna, Rihanna“, ela diz, “Quando ouço Robyn, presto atenção.” ela nasceu no dia 20 de fevereiro de 1988, em Bridgetown, Barbados. O pai dela, Ronald Fenty, tinha uma loja de roupas por atacado; a mãe Monica Braithwaite, era uma contadora. Ela foi uma criança fofa, com tranças até a cintura, que passava o tempo livre na praia e trabalhando no caixa da butique da tia.
No quesito dos meninos, ela floresceu tarde. “O meu primeiro beijo foi no ensino médio, e foi a pior coisa do mundo. Ele praticamente enfiou todas as suas glândulas salivares na minha boca. Eu fiquei traumatizada. Eu não beijei durante, tipo, nunca mais.” Ela se divertia mais indo a clubes e dançando com as meninas. Eles pediam licor Passoã e suco de laranja, dançando até as 3 da manhã. “Ela sempre foi forte e independente”, diz a mãe. “Os outros bebês [referindo-se aos dois irmãos mais novos dela] eram mais fresquinhos, mais apegadinhos. Mas ela não tinha nenhum acanhamento para confrontar as coisas.”
Quando estava com uns 15 anos, Rihanna venceu o concurso de beleza da escola com uma performance de “Hero“, de Mariah Carey. Ela sempre soube que queria ser uma estrela do pop. Costumava andar de um lado para o outro cantando Whitney Houston e “A Whole New World“. Aos 16 anos, ela chamou a atenção de Evan Rogers, um produtor musical norte-americano que estava passando férias em Barbados. Ele a ajudou a gravar uma demo – que incluía a faixa que viria a se transformar em “Pon de Replay”. A demo chegou às mãoes de um executivo de relações artísticas da Def Jam, Jay Brown, que tinha entrado na empresa havia pouco tempo, junto com o novo presidente do selo, Jay-Z. “Eu toquei para Jay”, Brown lembra, ” e ele ficou, tipo: ‘Esta é uma grande canção’. O negócio para ele é que você tem que ser maior que a canção, senão a canção manda em você”.
No fim, isso não seria problema. Rihanna pegou um avião para Nova York para um teste naquela mesma semana e cantou duas músias a capela. “Ela estava obviamente nervosa”, diz Jay-Z. “Agora ela tem uma grande personalidade, mas não captei isso naquela reunião. O que eu captei foram os olhos dela, a determinação. Ela tem tenaz – como o [jogador de basquete] Kobe Bryant. Eu vi que ela era uma estrela.”
Rihanna gosta de brincar que Jay Brown e Jay-Z são os “pais” dela, que a banham de incentivos, conselhos (nem todos eles solicitados) e presentes de aniversário fofos – incluindo, recentemente, uma obra original de Damien Hirst. Já que a relação que ela tem com seu verdadeiro pai é um pouco mais complicada. Ela diz que deve muito a ele. “Ele me ensinou a pescar, nadar, a correr, a andar de cavalo. Ele realmente me deixou durona.” Mas ele também a endureceu em aspectos menos produtivos. Durante a maior parte de sua infância, ele bebia muito e foi viciado em drogas. Uma vez, quando ela tinha 9 anos, o flagrou fumando crack. Ele se irritava com facilidade, e ela disse que o viu bater na mãe dela. “Dava pra ver quando uma conversa estava ficando intensa demais, quando iria se tornar física“, ela diz durante o jantar, certa noite. “E as sextas-feiras eram assustadoras, porque ele chegava bêbado. Ele recebia o salário, e metade era gasto em álcool.”
Ele alguma vez foi violento com você?
“Não. Bom… ele me bateu uma vez.” Ela tinha 7 anos; eles estavam na praia. Estava na hora de ir embora, mas ela ficava pedindo mais dez minutos. Finalmente, ele ficou nervoso. “Ele me deu um tapa tão forte“, ela diz, “que eu corri para casa om uma marca de mão em mim. Não dava para acreditar. A minha mãe viu o meu rosto, como eu fiquei traumatizada. Você sabe como é, quando você sabe que fez alguma coisa errada e merece apanhar? Aquilo saiu do nada.” O pai acabou perdendo o emprego e as tensões na família aumentaram. Rihanna se tornou solitária – ela não falava nem chorava. “Sempre tinha sido uma aluna que só tirava nota 10, mas começou a ter dificuldade”, a mãe lembra. “Ela tinha dores de cabeça terríveis. Precisou fazer tomorgrafias.” Os médicos acharam que ela talvez tivesse um tumor. Mas, quando os pais finalmente se separaram, as dores de cabeça sumiram.
Em anos recentes, o pai dela ganhou a vida vendendo roupas em seu próprio carro. A relação permanece intacta – ele diz que está limpo há anos -, mas desgastada. Alguns dias antes, ele enviou para ela uma mensagem de texto que só continha preços de coisas – móveis que ele queria comprar para sua casa nova. “Tudo bem“, ela diz. “Eu dou qualquer coisa para meu pai. Para mim não é difícil ajudar com essas coisas. É só que… caramba, pai. Oi.” Rihanna diz que, se não cantasse, poderia ter sido psicóloga, e ela certamente tem profunda noção de empatia. “Na verdade, eu me sinto bem mal pelo meu pai“, ela diz. “Ele também sofreu com violência – o padastro dele o surrava quando era pequeno. Ele se ressente das mulheres, porque achava que sua mãe nunca o protegeu e, infelizmente, minha mãe foi vítima disso. Não estou dando desculpas para ele. Certo é certo e errado é errado. Para mim, ele continua sendo culpado. Mas eu compreendo a fonte.”
A esta altura da carreira, Rihanna é praticamente uma indústria, Ela tem contratos de propaganda com a Nike, a Gucci, a CoverGirl e a Clinique, isso sem mencionar seu próprio perfume, o Reb’l Fleur. Hoje Rihanna está em um estúdio de televisão em Hollywood, expandindo sua marca ainda mais. Ela é o centro da camapanha do 100º aniversário da Nivea, uma iniciativa de marketing de US$ 1,5 bilhão que inclui spots na TV e o patrocínio na nova turnê. Ela está filmando o vídeo de seu próximo single, “California King Bed”, que a Nivea está ajudando a pagar em troca de usar a música em anúncios. Jay-Z também está no local, dando seu apoio enquanto fuma um cubano. Mas, quando Rihanna não está pronta, até ele precisa esperar. “O que está rolando, pessoal?“, Rihanna diz quando entra no set, deixando um bando de trabalhadores de boca aberta com a camisolinha trasparente e a lingerie de seda branca. Ela está prestes a filmar algumas cenas na cama com Nathan, um modelo que ela escolheu a dedo. Na verdade, havia dois finalistas, de modo que ontem os dois visitaram o set para mostrar seus músculos a Rihanna. Os de Nathan venceram. Hoje, ela o cumprimenta com um aperto de mão e vai logo quebrando o gelo. “Oi, eu sou a Rihanna, prazer en te conhecer. Nada de ereção.” As câmeras começam a rodar e equanto os dois ficam lá se acariciando na cama a música dela toca nos alto-falantes. Uma balada lenta e sensual fala de pele com pele e inclui um verso bem arriscado de ter “um restinho da noite passada nestes lençóis” – que provavelmente não é uma referência qualquer da Nivea.
Do ponto de vista da imagem, Rihanna percorreu um longo caminho da menina caribenha de rosto doce de camiseta regata e saia jeans para, em sua última encarnação, uma deusa do sexo com jeito punk e desviado, gemendo a respeito de “sexo no ar” e como “eu gosto do jeito que você puxa o meu cabelo”. Na noite seguinte, durante um jantar a luz de velas em Beverly Hills, ela se abre ainda mais. “Eu gosto de estar no comando, mas adoro ser submissa“, ela diz. “Ser submissa na cama é divertido de verdade. Você pode ser uma mocinha com um machão no controle de tudo. Para mim, isso é sexy. Eu trabalho muito, preciso tomar muitas decisões executivas, então, quando chega a hora da intimidade, a minha vontade é ser a garotinha de alguém.” Do que mais ela gosta? “Eu gosto de levar tapa na bunda. Ser amarrada é divertido. Eu gosto que seja espontâneo. Às vezes, usar chicote e corrente fica planejado demais – tem que parar para ir buscar o chicote na gaveta do andar de baixo (…). Eu prefiro que ele use as mãos.” Ela prossegue com a narrativa de uma visita a uma sex shop de Sydney chamada Toolshed, de onde saiu com duas sacolas cheias de chicotes, vendas e vibradores. O veredicto: “Nunca vá a uma loja de brinquedos sexuais quando estiver meio bêbada“.
Em parte, a conversa é toda a respeito de dor e dominação. Mas também é, em grande parte, uma defesa. Porque se tem uma coisa que as pessoas sabem sobre Rihanna, é o seguinte: em uma certa noite, antes da entrega do Grammy de 2009, seu namorado na época, Chris Brown, atacou-a e a sufocou até ela quase perder os sentidos e então a deixou cambaliada na calçada. Fotos da polícia mostram o rosto dela inchado e ensanguentado, além de cortes e feridas na testa e nos lábios. “Eu subi minha guarda demais“, diz Rihanna sobre os meses seguintes. “Eu não queria que as pessoas me vissem chorar. Eu não queria que as pessoas ficassem mal por causa de mim. Foi uma época muito vunerável da minha vida, e eu me recusei a permitir que aquilo fosse uma imagem. Eu queria que todo mundo me visse como: ‘Está tudo bem, eu sou durona’. Eu agi assim até que começou a parecer real.” Ela adotou um ar de desdém constante e passou a se vestir só de preto, e lançou Rated R, uma coleção de faixas lentas, com letras sobre assassinato e vingança. Ao mesmo tempo, duas participações especiais dela – em “Love the Way You Lie”, de Eminem, e “All of the Lights”, de Kanye West – eram músicas a respeito de homens violentos e as mulheres que os amavam, coisa que serviu como afirmação bem ousada.
E agora temos Loud, cheio de letras sobre a linha tênue entre o sexo e a violência. “Sticks and stones may break my bones, but chains and whipes excite me” (paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas correntes e chicotes me excitam). “I like it rough” (gosto de pegar pesado). “The pain is my pleasure” (a dor é meu prazer). E talvez o mais revelador: “Maybe I’m a masochist” (Talvez eu seja uma masoquista). “Acho que eu sou um pouco masoquista, sim“, ela diz. “Não é uma coisa da qual eu me orgulho, e é uma coisa que eu só notei há pouco tempo. Acho que é comum nas pessoas que presenciam violência em casa. Nunca dá para sentir o cheiro lindo de uma rosa até ser espetado por um de seus espinhos.” Ela acha que isso explica a atração que ela tem por tatuagens (ela tem 14), além de sua relação de “amor e ódio” com a mídia, e o fato de que os momentos mais obscuros de sua vida estão em exibição para o consumo público. “Quando eu penso a respeito, tiro certo prazer da negatividade“, ela diz. “Eu não quero me excitar com isso – mas me excito.”
Depois do ataque, ela teve uma única consulta com um terapeuta. “Acho que não bastou“, ela diz. “Eu fiquei tipo: ‘Você não pode me ajudar. Eu preciso me entender primeiro’.” E, de fato, ela fez boa parte do trabalho sozinha. “Uma boa parte foi narrar a história na minha cabeça, fingindo que era outra pessoa. Eu comecei a julgar o fato pelo que realmente era, em vez de me deixar levar pelo meu coração.” No mês de fevereiro, ela concordou em permitir que um juiz relaxasse a ordem de não se aproximar que ela tinha impetrado contra Brown desde 2009. “Isso não significa que nós vamos nos casar amannhã. Não significa que nós vamos ter um relacionamento, ou fazer as pazes, ou voltar a nos falar algum dia.” Rihanna diz que não teve notícias de Brown, nem espera ter. “Nós não precisamos nos falar nunca mais. Eu só não queria que as coisas ficassem ainda mais difíceis para ele, profissionalmente. O que ele fez para mim foi pessoal – não tinha nada a ver com a carreira dele. Dizer que ele tem que estar sempre a 30 metros de distância de mim, que não pode se apresentar em premiações – isso realmente dificultou as coisas para ele. Essa era a única coisa que ia mudar, então eu não me importei.”
Agora é domingo – o primeiro dia que ela tem livre em semanas. Está chovendo; Rihanna dorme até o meio-dia, prepara uma massa para o almoço, assite a um pouco de TV e vê Um Parto de Viagem pela nona vez. Então, passa muito tempo só olhando para o dilúvio. No final, ela veste uma camiseta regata preta e um par de Louboutins de salto 12 e vai a um bar de Beverly Hills para tomar uma tônica com vodca e falar sobre o futuro. Ela quer fazer uma revista de moda, uma linha de roupas. Também está de olho em Hollywood: em maio, ela vai aparecer ao lado de Liam Neeson em seu primeiro filme, como uma especialista em armas da marinha, na adaptação do jogo Batalha Naval. “Já não é mais a indústria da música”, diz o empresário Jay Brown, “É a indústria do entretenimento. O objetivo não é só ser artista, é ser uma marca”. Para ela, “Rihanna” é apenas um estágio, como a puberdade, que começou em um estúdio de gravação há seis anos e vai durar até quando durar. Nesse ínterim, ela continua pensando em si mesma como Robyn. “Robyn é o tijolo da minha base“, ela diz. “É uma coisa à qual eu me seguro. É tudo com que eu cresci, a minha infância, Barbados, pessoas próximas de mim. Tudo que é familiar. As pessoas conhecem Rihanna da minha música. Mas, se tudo isso desaparecesse amanhã, eu sempre iria olhar para mim mesma como Robyn.”
Uma pausa. Aqueles olhos.
“Mas a vida de Rihanna é maravilhosa pra c*ralho.”