Quando os ponteiros do relógio marcavam 19h da última sexta-feira (30), o carioca Marcelo D2
subiu ao Palco Mundo com seu hip-hop misturado com samba. 'Jogando em
casa', o rapper disparou uma série de hits consagrados ao longo de toda a
sua carreira como "A Procura da Batida Perfeita", "1967" (dos tempos do Planet Hemp) e "Qual É?",
que fechou a apresentação com direito a um coro animado da galera. D2
ainda contou a presença de seu filho Stephan e dos amigos Helinho (vocal
da banda Ponto de Equilíbrio)
e Fernandinho Beat Box. Este roubou a cena ao fazer uso da arte que lhe
dá o sobrenome e executou trechos de clássicos do rock como "Another One Bites the Dust" (Queen), "Smoke On the Water" (Deep Purple) e "Sunday Bloody Sunday" (U2).
Ao longo da apresentação, imagens de pontos turísticos da cidade do Rio
de Janeiro foram exibidas no telão, que também mostrava o nome de cada
música que era tocada. D2 teve seu pedido atendido pelo o público, que
fez 'muito barulho', como sempre costuma ser em shows do artista.
Na sequencia foi a vez dos mineiros do Jota Quest
assumir o Palco Mundo. O quinteto fez uma energética apresentação que
revistou muito bem os seus 15 anos de carreira. A canção "É Preciso (A Próxima Parada)" foi a escolhida para começar o show e logo na segunda música, "Na Moral",
a plateia já estava entregue, cantando junto e jogando as mãos para o
alto. A cada hit que a banda tocava, a galera mostrava uma reação de
causar inveja e preocupação em muitas das atrações internacionais que
participaram da quarta edição do Rock in Rio. Na música "Só Hoje",
Rogério Flausino abandonou o microfone e deixou que o público cantasse
os versos da letra da canção em seu lugar. Perto do final do show, o
Jota tocou "De Volta ao Planeta dos Macacos",
que contou com imagens de políticos brasileiros ilustrando o telão ao
fundo do palco, entre eles os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e
Lula. Antes de sai do palco, Rogério pulou a grade que separa o público
do palco e foi saudar alguns dos 100 mil presentes. Fecharam o show com
"Do Seu Lado" e de alma lavada, os rapazes de Belo Horizonte saíram do festival de cabeça erguida.
Por volta das 21h55, subiu ao Palco a cantora Ivete Sangalo,
que com seu tradicional carisma transformou a Cidade do Rock e um
verdadeiro trio elétrico. Apesar de já ter se apresentado nas versões
europeias do Rock in Rio, esta foi a primeira vez que Sangalo cantou em
uma edição brasileira do festival. Ivete conversou, dançou, cantou e
como nunca conduziu bem a plateia. Para animar a festa, a musa do axé
desfilou seus hits consagrados como "Acelera Aê", "Cadê Dalila?" e "Sorte Grande (Poeira)". Para agradar os 'roqueiros de plantão' a baiana interpretou a música "More Than Words", balada clássica da banda de hard rock Extreme. A música black da banda The Commodores também foi homenageada através da canção "Easy". Com sua apresentação, Ivete mostrou ser possível a existência de axé music em festival de rock sem necessariamente ter vaias.
O show do roqueiro norte-americano Lenny Kravitz
deixou bem claro que ele foi escalado para tocar em um dia errado do
Rock in Rio. Apesar de contar com uma banda competente e ter no bolso
uma coleção de hits, Kravitz fez uma apresentação que não contou com
total troca de energia com a plateia. Canções clássicas como "American Womam", "Where Are We Running" e "It Ain't Over Till It's Over"
naturalmente foram bem recebidas pelo público. Porém, não causaram
impacto suficiente para fazer a festa que é um show de rock. A situação
deu sinal de melhoras apenas quando o espetáculo já caminhava para o
final, pois, foram tocadas as matadoras "Fly Away" e "Are you Gonna go My Way". Ao voltar para o bis, Lenny decidiu toca uma longa versão de "Let Love Rule".
Na tentativa de cativar os presentes, como não poderia ser diferente, o
artista desceu do palco e foi interagir com a galera. Ele abraçou fãs,
pegou a bandeira brasileira e fez todos os truques que um artista
internacional costuma usar para ganhar o público. Teria funcionado
perfeitamente se ele tivesse tocado em outra noite do evento.
A colombiana Shakira fechou a noite apostando no lado mais latino de sua carreira. A musa cantou músicas como "Estoy Aqui", "Si Te Vas" e "Las de La Intuición" todas recebidas com o natural entusiamo dos fãs. Porém, ela não deixou de fora do repertório canções como "Hips Don't Lie" e "Whenever, Wherever",
que contou com bailarinas brasileiras selecionadas em meio ao público e
rapidamente coreografadas por Shakira. Esbanjando simpatia, a estrela
falou em português com a plateia e fez questão de mostrar no palco toda a
sua habilidade em conduzir um espetáculo. Com direito a dança do
ventre, forma física invejável e troca de roupas, a colombiana revelou
sua madura e eficiente presença de palco. Um dos momentos mais notáveis
foi a execução de "Nothing Else Matters", do Metallica.
Com uma roupagem flamenca, a música assumiu um tom ainda mais dramático
e foi cantada em coro pelos espectadores. Outro momento memorável
aconteceu no bis. Shakira contou com a participação de Ivete Sangalo e
juntas cantaram "País Tropical", de Jorge Ben Jor. Com 'chave de ouro', a quinta noite do Rock in Rio foi latinamente fechada.