Os cariocas do Detonautas
abriram a última noite de shows do Rock in Rio. Com uma máscara
idêntica a do personagem Guy Fawkes, de "V de Vingança", Tico Santa Cruz
disparou críticas a corrupção. O principal alvo do discurso foi José
Sarney e seu aliado, Magno Bacelar. O deputado recentemente criticou o
público do festival, denominando-os "drogados e maconhados". A defesa de
Tico causou um grande coro de vaias "anti-Sarney". O show seguiu com a
apresentaçã de alguns dos sucessos do grupo, como "Olhos Certos" e "Quando O Sol Se For". Um dos pontos altos da performance foi o cover de "Metamorfose Ambulante", clássico de Raul Seixas. A plateia também se animou durante a execução de um trecho de "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana. O grupo encerrou os 40 minutos de show com a faixa "Outro Lugar". A banda não decepcionou, mas também esteve longe de ser a performance mais brilhante de um artista nacional no evento.
Pitty
subiu ao Palco Mundo do Rock in Rio e fez questão de manter o foco da
apresentação nos hits emplacados ao longo da carreira. Por volta das
20h, a música "Anacrônico"
começou a ecoar nas caixas de som da Cidade do Rock e assim deixou
claro que os próximos minutos seriam de pura adrenalina com altas
dosagens de atitude. Faixas como "Admirável Chip Novo" e "Pulsos" fizeram com que a galera realmente estivesse em espetáculo de rock. A balada "Equalize"
entrou para o time de músicas que ao longo do evento fizeram o
tradicional momento 'mãos pra cima e refrão cantando em uma só voz'. Com
um trecho de "Smells Like Teen Spirit", a roqueira baiana prestou
merecida reverência ao Nirvana. Já a dupla Roberto Carlos e Erasmo também foi homenageada com a versão do quarteto para a clássica "Se Você Pensa".
Desde que despontou no cenário musical, Pitty vem mostrando a força
feminina no rock nacional. No Rock in Rio IV, ela apenas confirmou, mais
uma vez, que é uma realidade roqueira na música brasileira.
Faltando aproximadamente uma semana para lançar disco novo, o Evanescence
fez o show de estreia da turnê de retorno no Rock in Rio. O grupo
aproveitou o público já aquecido pela performance de Pitty, e abriu a
apresentação com seu novo single "What You Want".
A banda arriscou e baseou o show em faixas do novo disco, ainda
desconhecidas pelo público. A reação do público foi morna, mas grande
parte dos jovens presentes se mostravam animados com a presença da
vocalista Amy Lee. Empolgação digna de um show de rock aconteceu apenas durante as faixas familiarizadas com o ouvido da galera. Durante "Going Under", "Bring Me To Life" e "Call Me When You Are Sober"
os fãs vibraram e aplaudiram estusiasmados. Amy Lee também conseguiu
comover muita gente quando sentou ao piano para cantar o hit "My Immortal".
Apesar da pouca empolgação do público com as canções inéditas, a
combinação vocal de Amy com guitarras pesadas garantiram a atenção da
plateia. O quinteto americano poderia ter feito uma apresentação
memorável, mas a escolha de um repertório teoricamente inédito
comprometeu a sintonia com o público.
Com um público repleto de fãs que aguardavam há anos a visita do grupo ao Brasil, o System Of A Down foi recebido com entusiasmo. O grupo subiu ao Palco Mundo e iniciou o seu concerto com "Prison Song",
que graças ao peso da guitarra de Daron Malakian agradou até quem não
era tão fã do grupo. Nem mesmo os problemas técnicos no som, agravados
pela condição climática, desanimaram os presentes e muito menos o
quarteto. O repertório foi idêntico ao show feito um dia antes, em São
Paulo. Em pouco menos de duas horas, 29 canções foram apresentadas. As
pesadas "B.Y.O.B.", "Chop Suey!", e "Toxicity" foram alguns dos pontos altos do show. Para esfriar os ânimos, o grupo apresentou "Lonely Day", mas logo convidou todos a se animarem denovo com a empolgante "Bounce". Conhecido pelo ativismo político, o vocalista Serj Takian
se mostrou engajado na defesa dos índios brasileiros contra projetos
desenvolvimentistas, em clara referência a construção hidrelétrica de
Belo Monte. Sem firulas e grandes decorações no palco, os
armeno-americanos encerraram com "Toxicity" e "Sugar",
acompanhados pela comoção dos fãs. O SOAD deixou bem claro que os fãs
não perderam voto ao colocá-los em primeiro lugar em uma enquete, que
foi aberta no site oficial do festival, para indicar o artista que o
público mais gostaria de ver no Rock in Rio.
O último show do Rock in Rio começou sob forte chuva. Após mais de uma hora de atraso e boatos de cancelamento, o Guns N' Roses
finalmente subiu ao Palco Mundo e fez uma performance que durou mais de
duas horas. Usando chapéu, bandana e uma grossa capa amarela, Axl Rose
iniciou a apresentação com "Chinese Democracy". O vocalista saudou o público e brincou ao dizer "Boa noite, bom dia". Em seguida, vieram clássicos do grupo como "Welcome To The Jungle" e "It's So Easy". A execução de "Live And Let Die"
aconteceu com a tradicional explosões de fogos. A chuva não deu trégua e
com um palco cheio de poças d'água, Axl ocasionalmente aproveitava
longos solos dos integrantes da banda para sair de cena e possivelmente
evitar tombos. Cansada e molhada, boa parte da plateia deixava a Cidade
do Rock já na metade do show. Mesmo assim, não foram poucos os momentos
em que o grupo conseguiu aplicar doses maiores de empolgação na galera.
Faixas como "Sweet Child O'Mine", "You Could Be Mine", "Knocking On Heaven's Door" e "Estranged" foram tocadas com mais entusiasmo do que as anteriores. Em "November Rain", Axl fez trocadilhos com a letra e o clima, como em "in a cold brazilian rain". O bis veio com mais descontração: durante "Patience",
o vocalista saiu de cena e disse que precisava ir ao banheiro e que não
tinha mais paciência. Quando Rose voltou ao palco, a canção "Paradise City"
foi tocada. Debaixo de chuva, as 5h da madrugada, a quarta edição
brasileira do Rock in Rio chegou ao fim. Apesar das falhas e da falta de
pique do grupo, quem ficou para assistir o fim do show parecia
satisfeito com o carisma único de Axl Rose.