Mas, ao contrário de Bourne, Nathan nunca foi um agente secreto, não perdeu a memória, não tem seus instintos para ser guiado. É como se alguém, repentinamente, se visse num ambiente hostil e por isso desenvolvesse capacidades como força física avantajada, o manejo de armas de fogo e fosse exímio motorista para audaciosas perseguições de carro.
Detalhe: qualquer um que já tenha visto algum dos filmes da vampiresca série "Crepúsculo" vai esperar que o personagem de Lautner, assim como o seu lupino Jacob, avance nos vilões, transformando-se em lobisomem e acabando com toda a lenga-lenga numa só mordida. Mas isso não acontece, infelizmente.
O nonsense do filme vai longe, mas sem precisar de criaturas fantásticas. Nathan é um estudante de colegial comum. Boa pinta, paquerador, rodeado de amigos, popular. Seus pai são Mara, vivida pela atriz Maria Bello, indicada duas vezes ao Globo de Ouro, e Kevin, interpretado por Jason Isaacs, conhecido por seu personagem Lucius Malfoy, nos oito filmes de "Harry Potter". Um casal normal.
Aí vem o mais improvável. Nathan deve fazer um trabalho escolar com a garota mais bonita da escola e sua vizinha Karen (Lily Collins). Juntos, eles começam a pesquisar sobre crianças desaparecidas e, numa situação inimaginável, Nathan se vê, garotinho, em um desses sites e questiona quem são aqueles que dizem ser seus pais. O garoto, ao se identificar com a foto do desaparecido, cai numa armadilha e inicia uma gigantesca e emaranhada teia de intrigas de espiões, que envolvem seus pais biológicos - a mãe está morta e o pai, para proteger o filho e a si mesmo, deixa o garoto com outros dois agentes.
E como Nathan reage a tudo? Ele parece ganhar, em troca, todo o conhecimento de espionagem. Se infiltra nessa trama e decide, ele mesmo, com a ajuda dos seus amigos do colégio, resolver esse jogo de espionagem e informações sigilosas.
E voltemos à trilogia Bourne: um sujeito que busca conhecer o seu passado, descobrir a sua identidade, em meio a tiroteios e carros em alta velocidade. É ação pela ação, sem justificativas de roteiro. Quando as explicações existem, são insuficientes. Se pelo menos ele se transformasse em lobisomem, seria possível entrar no mundo da fantasia e compreender alguma parte da trama. As informações são do Jornal da Tarde.