A cantora
soul Adele, que chegou à fama com seu álbum "21", fará seu retorno ao
vivo no Grammy Awards no próximo domingo, após um problema na garganta que
ameaçou destruir sua próspera carreira.
Embora
esteja fora de ação desde outubro, a cantora continuou ganhando aplausos e vai
apresentar a voz que trouxe tanta preocupação na cerimônia em Los Angeles, onde
ela está na disputa por seis prêmios.
Tom
rouco, melodia retrô e uma honestidade emocional crua ajudaram a jovem de 23
anos e um passado modesto em Londres a vender mais de 12 milhões de cópias de
"21" ao redor do mundo desde o lançamento em janeiro de 2011.
Em número
de indicações ao Grammy, Adele fica atrás apenas do rapper Kanye West, que
concorre em sete categorias na principal premiação da indústria musical
americana.
Após uma
cirurgia na garganta que a silenciou por meses, Adele, com seu cabelo bufante
marcante, medidas generosas, língua solta e risada estridente está animada com
a volta.
"É
uma grande honra ser incluída em uma noite como essa," disse ela.
"Por
ser minha primeira apresentação em meses, é muito legal e, claro, inquietante,
mas é uma maneira grandiosa de voltar," acrescentou.
Há quatro
meses, a cantora e compositora anunciou, "de coração partido", que
cancelaria sua já esgotada turnê pelos EUA devido à hemorragia que comparou a
um "olho roxo" em suas cordas vocais.
"Cantar
é literalmente minha vida," escreveu em seu blog.
"É o
meu hobby, meu amor, minha liberdade e meu novo emprego. Eu não tenho outra
alternativa a não ser me recuperar apropriada e completamente ou arriscar minha
voz para sempre."
Apesar de
sua voz e músicas carregadas de emoção, a sorte exerceu um grande papel em sua
ascensão à fama.
No fim de
2008, Adele se apresentou no programa de televisão americano "Saturday
Night Live", em que a queridinha dos conservadores Sarah Palin também
apareceu.
Graças a
Palin, o programa teve seu pico de audiência em 14 anos e o efeito nas vendas
do primeiro álbum de Adele, "19", foi imediato.
"O
álbum era o 14° no iTunes," contou seu produtor, Jonathan Dickins, à BBC,
explicando no dia seguinte: "Eu acordei às 6h para pegar um voo de volta
para Londres. De repente, estava em oitavo. Eu saí do avião e cheguei em casa e
o álbum estava em primeiro. Isso foi demais, demais mesmo".
Adele
venceu as categorias de Melhor Artista Revelação e Melhor Performance Vocal Pop
Feminina no Grammy de 2009.
Hoje, ela
é a primeira artista viva desde os Beatles em 1964 a ter dois hits entre os
cinco primeiros nas paradas britânicas de singles e álbuns simultaneamente.
Pessoas
que normalmente não consomem música estão comprando seus singles, afirmou o
jornal The Guardian, incluindo os hits "Someone Like You",
"Rolling in the Deep" e "Set Fire to the Rain".
"21"
liderou a parada de fim de ano da Inglaterra, a Billboard 200 nos EUA e em
outros países como Canadá, Austrália, França, Alemanha e Holanda.
Apesar do
sucesso, Adele conserva suas raízes intactas.
Ela se
manteve impertubável a respeito de uma polêmica discussão sobre seu peso,
depois de que o designer da alta-costura Karl Lagerfeld sugeriu que ela estaria
"um pouco gorda".
A cantora
britânica respondeu em uma entrevista concedida à TV americana, que vai ao ar
neste fim de semana, que não concorda em se adequar ao padrão que indústria
determina que uma diva da música pop deve aparentar.
"Eu
nunca vi uma capa de revista ou clipe de música e pensei ''Eu preciso ficar
assim para fazer sucesso''", afirmou a cantora à CBS.
"Não
quero ser uma Minnie magrela. Não quero quero que as pessoas se confundam sobre
mim a esse respeito," comentou.
"Estou
apenas escrevendo músicas de amor. Não estou tentando ser pop. Não estou
tentando ser jazz. Não estou tentando ser nada. Estou apenas escrevendo músicas
de amor e todos amam uma música de amor".
Nascida
Adele Adkins de uma mãe solteira no distrito de Tottenham, no norte de Londres,
ela frequentou a BRITT School em Croydon, que formou estrelas como Amy
Winehouse, Leona Lewis e Katie Melua.
Apesar
das semelhanças de treinamento e do tom de voz, ela não seguiu os caminhos de
Winehouse, envolvendo-se com drogas e bebidas, que acabaram levando sua vida.
"Eu
prefiro ir para casa e meu melhor amigo rir de mim, a ir à uma festa de
celebridades para esbarrar em gente que sabe quem sou, mas que eu não
conheço."
"Sou
uma celebridade Z quando se trata dessas coisas," disse ela à revista
americana especializada em música Billboard.
Paul
Rees, editor da revista britânica de música Q, falou: "É bom ver uma
artista que, nesse sentido, é normal. É muito revigorante".
"Os
perigos desse nível de sucesso são óbvios. Atualmente, a ascensão das pessoas é
muito rápida".
"Eu
suspeito que, com o passar do tempo, as vendas não serão tão altas".
"Mas
eu acho que ela terá uma carreira duradoura, porque é boa o bastante para
isso".